17 abril 2012

Viajar pode ser uma maneira de aprender

Há alunos que passam despercebidos  mas escrevem textos que merecem ser lidos.
Esta aluna merece, de facto, ser reconhecida pelo empenho e participação em diversas atividades.

Fazemos um convite à leitura esperando que se deliciem com este texto magnifico da Beatriz Fialho, n.º 5 do 9.º 4.ª.




Viajar pode ser uma maneira de aprender

Sempre que nos falam de Nova Iorque, Rio de Janeiro, Londres ou qualquer outro ponto turístico, vêm-nos à cabeça palavras como férias, praias, sol, centros comerciais e alto consumo. E, claro, se ganhássemos qualquer uma destas viagens, nem pensaríamos duas vezes. Mas se em vez de uma praia paradisíaca, fôssemos de comboio até à aldeia dos nossos avós? É o que costumo fazer todas as férias e não é nada aborrecido. A aldeia fica talvez num sítio que nem sequer vem no mapa. Sim, longe do mundo real e verídico. A população é quase mínima e é com sorte que encontramos alguma criança a brincar na rua. É assim no Alentejo. Nos montes verdes e secos, há uma paz tranquila que, às vezes, não parece real. O silêncio. Os pássaros. As árvores. A Natureza. A solidão.

Como qualquer um pode imaginar, numa aldeia pequena qualquer novidade dá origem a cochichos e sussurros entre as vizinhas: a vida alheia não nos diz respeito. Mas de que vale dizer isso? Elas continuarão a fazer o mesmo, como uma rotina diária. O que mais gosto, quando lá estou, é de ficar a ver a paisagem com a minha avó. Os seus olhos vazios e sábios, profundos de uma cor cinzenta, a solidão. Quando a minha avó liga o rádio todos se calam, e fico a olhar para ela, debruçada sobre a mesa e a ouvir com atenção as palavras do locutor, que fala todos os dias com a mesma voz reconhecível e monótona.

A minha avó ensina-me muitas coisas. A sua idade revela a sua experiência de vida. Ensinamos tudo o que sabemos uma à outra e não só eu posso aprender como também a minha avó. Acho que o mundo é mesmo assim. Quando chega a hora de partir, sinto um aperto no coração, e há sempre uma lágrima que alguém não consegue conter. Mas a minha avó não chora. Quando eu saio, talvez, mas não à minha frente. Se lhe peço para viajar a qualquer um dos destinos turísticos, a avó ri-se. Aquele é o seu lugar, a aldeia, a sua cultura, a sabedoria que eu aprendo sempre que a visito.

Beatriz Fialho, nº5,9º4


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