As três espigas
Era uma vez três espigas que se encontram à beira da
mesma mó de um moinho: uma de centeio, outra de trigo e a terceira, uma grande
espiga de milho.
Dizia o
trigo para o centeio:
- Chega-te para lá, centeio centeiaço que tu não
fazes as funções que eu faço.
Ao que
o centeio lhe respondia:
- Cala-te lá, trigo espadanudo que tu não acodes
ao que eu acudo.
Mas o
espigão de milho era o mais ralhão:
- Caluda! Tudo caluda! Vocês não são como eu graúdas,
vocês não são como eu barbudas, vocês não são como eu folhudas, vocês não são
como eu rabudas.
-
Calem-se lá, espigas miúdas suas choninhas, suas lingrinhas, suas fuinhas,
caras bicudas, comigo não fazem vocês farinha!
As outras iam para responder, mas a mó
pôs-se a trabalhar...
E
não é que a farinha delas todas e de outras mais de centeio, de trigo e milho,
foi parar a uma padaria - veja-se a coincidência! - especializada,
precisamente, em belos pães de mistura...
Provei
um, ainda quente, barrado com manteiga. Estava óptimo!
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