05 maio 2020

Dia Mundial da Língua Portuguesa















Primeiro Dia Mundial da Língua Portuguesa celebra-se online

A Câmara Municipal de Lisboa decidiu assinalar o primeiro Dia Mundial da Língua Portuguesa, decretado pela UNESCO em 2019, com programação online. Espera-se a participação de quase uma dúzia de autores lusófonos de oito países.

A primeira edição do novo Festival Internacional de Lisboa 5L (de “Língua, Livros, Literatura, Leituras e Livrarias”), promovido pela Câmara Municipal, estava prevista para este ano. A pandemia de Covid-19 obrigou a adiar a iniciativa para Maio de 2021, mas “a vontade de criar até lá um espaço lisboeta dedicado às letras não foi cancelado.” 
Para celebrar pela primeira vez o Dia Mundial da Língua Portuguesa, inaugura-se o site lisboa5l.pt, onde vão ser transmitidos debates e curtas-metragens já no próximo dia 5 de Maio.
A abertura oficial do evento, às 15.30, conta com a intervenção do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, do representante permanente de Portugal junto da UNESCO, António Ampaio da Nóvoa, e do director artístico do novo Festival Internacional de Lisboa 5L, José Pinho. A programação, que vai ser transmitida no site do Festival 5L, mas também nas páginas de Facebook da autarquia e da Rede de Bibliotecas de Lisboa. Contempla debates e a exibição de curtas-metragens. 
A curta de Tiago Pereira, A Língua Portuguesa a Gostar Dela Própria, é a primeira a passar, às 15.55, “para nos deixarem escutar, em todo o seu contraste, os sons e a gramática de muitas variedades portuguesas, das litorais às interiores, das continentais às insulares”. Segue-se um debate, às 16.00, sobre “Viagens da Língua Portuguesa”, com seis autores lusófunos: Ana Margarida Carvalho, de Portugal, António Prata, do Brasil, Flaviano Mindela dos Santos, da Guiné-Bissau, Germano de Almeida, de Cabo Verde, José Eduardo Agualusa, de Angola, e Olinda Beja, de São Tomé e Príncipe.
Mais tarde, às 17.30, juntam-se mais cinco autores de diferentes latitudes da Comunidade de Países de Língua Portuguesa: Dulce Maria Cardoso e Isabela Figueiredo, de Portugal, Ondjaki, de Angola, Luís Cardoso Noronha, de Timor-Leste, e Mbate Pedro, de Moçambique, vão debater sobre “Literatura de Reconstrução”.
Por fim, Tiago Pereira, mentor e director do projecto A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria, volta a mostrar as Vozes do Português, com uma curta-metragem que é “uma homenagem de seis vozes, masculinas e femininas, vindas de três diferentes continentes, à poética de Luandino Vieira”.
O 5 de Maio como Dia Mundial da Língua Portuguesa foi ratificado em Novembro de 2019 pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura). A oficialização foi assinada na sede da organização, em Paris, por uma delegação portuguesa composta pelo primeiro-ministro António Costa, pela ministra da Cultura Graça Fonseca, pela secretária de Estado das Comunidades Portuguesas Berta Nunes e pelo Embaixador de Portugal na UNESCO António Sampaio da Nóvoa.
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O PORTUGUÊS é a língua que os portugueses, os brasileiros, muitos africanos e alguns asiáticos aprendem no berço, reconhecem como património nacional e utilizam como instrumento de comunicação, quer dentro da sua comunidade, quer no relacionamento com as outras comunidades lusofalantes.
Esta língua não dispõe de um território contínuo (mas de vastos territórios separados, em vários continentes) e não é privativa de uma comunidade (mas é sentida como sua, por igual, em comunidades distanciadas). Por isso, apresenta grande diversidade interna, consoante as regiões e os grupos que a usam. Mas, também por isso, é uma das principais línguas internacionais do mundo.
É possível ter perceções diferentes quanto à unidade ou diversidade internas do português, conforme a perpetiva do observador.
Quem se concentrar na língua dos escritores e da escola, colherá uma sensação de unidade.
Quem comparar a língua falada de duas regiões (dialetos) ou grupos sociais (socioletos) não escapará a uma sensação de diversidade, até mesmo de divisão.

Unidade
Uma língua de cultura como a nossa, portadora de longa história, que serve de matéria prima e é produto de diversas literaturas, instrumento de afirmação mundial de diversas sociedades, não se esgota na descrição do seu sistema linguístico: uma língua como esta vive na história, na sociedade e no mundo.
Tem uma existência que é motivada e condicionada pelos grandes movimentos humanos e, imediatamente, pela existência dos grupos que a falam.
Significa isto que o português falado em Portugal, no Brasil e em África pode continuar a ser sentido como uma única língua enquanto os povos dos vários países lusofalantes sentirem necessidade de laços que os unam. A língua é, porventura, o mais poderoso desses laços.
Diz, a este respeito, o linguista português Eduardo Paiva Raposo:
A realidade da noção de língua portuguesa, aquilo que lhe dá uma dimensão qualitativa para além de um mero estatuto de repositório de variantes, pertence, mais do que ao domínio linguístico, ao domínio da história, da cultura e, em última instância, da política. Na medida em que a perceção destas realidades for variando com o decorrer dos tempos e das gerações, será certamente de esperar, concomitantemente, que a extensão da noção de língua portuguesa varie também.
[Algumas observações sobre a noção de "língua portuguesa", Boletim de Filologia, 29, 1984, 592]


Diversidade
A diversidade linguística que o português apresenta através do seu enorme espaço pluricontinental é, inevitavelmente, muito grande e certamente vai aumentar com o tempo.
Os linguistas acham-se divididos a esse respeito: alguns acham que, já neste momento, o português de Portugal (PE) e o português do Brasil (PB) são línguas diferentes; outros acham que constituem variedades bastante distanciadas dentro de uma mesma língua.
Consulte, a este respeito, o Fórum dos Linguistas.

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